quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DECORO PROFISSIONAL

No outro dia falei sobre uma situação passada com uns teenagers que estavam numa esplanada onde eu me encontrava. Hoje, também uma história de esplanada, mas com temas mais sérios.
Tal como na outra situação, todos conseguiam ouvir o locutor, mesmo a mesas de distância. Embora, para ser justo, esta fosse uma esplanada mais pequena. Mas mesmo assim, o homem falava alto demais. Eram 3 pessoas a rondar a minha idade, presumo. Dois homens e uma mulher.
O tema de conversa era o emprego deste homem tenor, em especial. Segundo toda a gente da esplanada percebeu, o homem havia sido despedido, não lhe haviam pago direitos, não tinha tirado férias há 2 anos, etc. É sem dúvida uma situação triste, e, sendo verdade, não é isso que ponho em questão. Repito, situações como estas estão a acontecer muito, é lamentável, é triste, é dramático em alguns casos, não estou a pôr isso em causa por um segundo que seja, até porque posso identificar-me com algumas destas situações.

O que ponho em questão.

O homem, na onda do desabafo e calor do momento, comentou depois sobre trafulhices que sabia haverem na empresa (dizendo o nome da mesma várias vezes), vícios e uma relação extra-conjugal de um dos patrões, tácticas de venda impróprias, etc. Todos já estivemos num grupo de amigos num convívio qualquer onde esse tipo de coisa viesse ao de cima. Isso não é anormal.
O GRANDE problema é falar sobre estas coisas numa esplanada de desconhecidos, em tom alto, sem saber quem poderá estar a ouvir.

Imaginemos, por exemplo, que eu sou dono de uma empresa ou algo assim.
Um dia, este indivíduo poderá procurar emprego na minha empresa. Mesmo que ele tivesse TODA a razão sobre TUDO o que ele disse, eu na mesma ficaria muito reticente em contratar este homem se me lembrasse dele na esplanada. Porquê? Mesmo que a minha empresa fosse a mais correcta possível, mesmo que eu não tivesse segredos sujos, mesmo que a minha empresa fosse a honestidade e rectidão personificadas, eu só me lembraria que este homem demonstrou alguma falta de decoro profissional e de algum bom senso.

Não está em causa a veracidade ou justeza da indignação do homem. Está em questão que não é correcto (ou ajuízado) que um funcionário ou ex-funcionário, por muito que ele tenha razão, falar de mil e um podres de uma empresa em voz alta a desconhecidos. Sigilo e decoro profissional devem sempre existir, especialmente num meio pequeno como este onde todos são primos, cunhados, sobrinhos ou afilhados de alguém, e onde esse tipo de comentários poderá ser prejudicial no futuro.

Indignem-se, comentem, discutam. Mas devem fazê-lo longe de ouvidos estranhos. Não só questões de trabalho, mas de tudo da vida.

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