quinta-feira, 16 de agosto de 2012

7 TRETAS SOBRE OS "JOGOS SEM FRONTEIRAS"

A nostalgia é algo muito falacioso. Faz-nos ver o Passado com óculos de lentes mais cor de rosa do que na verdade eram.

Como muitos da minha idade e não só se recordam, os "Jogos Sem Fronteiras" era um programa que era altamente visualizado por vários lares nos seus tempos áureos.
Para os mais novos que o desconheçam, este era um concurso comparticipado por várias estações de t.v. europeias, no qual se juntavam semanalmente equipes de uma qualquer cidade dos países representantes para competirem em provas e joguitos físicos todos relacionados com um tema geral (gastronomia, arte, cinema, música, etc.). Todas as semanas um dos países diferentes presentes na prova era o anfitrião do programa, o que permitia uma justa organização das provas por cada país, além de que todas as cidades participantes tinham direito a uma pequena promo "à la" vídeo turístico de 15 segundos sensivelmente durante cada programa, dando azo a uma grande exposição das diferentes cidades de cada país e uma boa função pública para cada uma destas.



Apesar de inicialmente poder parecer haver um risco de predominância da língua francófona (o logo era "Jeux Sans Frontières" e o árbitro principal era um homem belga com um generoso bigode de nome Denis Pettieux, que tornou famosa a expressão seguida de um apito com a qual se iniciava cada prova "Attention... Trés!! Priii!!!!"), a verdade é que tal não acontecia. Havia sem dúvida uma noção de igualdade para todos os países presentes.
Embora mesmo nessa altura eu achasse o programa algo básico, é inegável que este resultava numa coisa que procurava almejar de forma infalível: o conceito de Europa unida.
Este era um programa que surgiu quando se germinava o conceito de C.E.E. e era um bom reflexo do ideal utópico do que se queria para a mesma. Uma Europa próxima, de oportunidades iguais para todos, de diversidade aliada a união, onde a competitividade que havia era de fair-play e no final todos celebravam, quer perdessem ou ganhassem.

Ora recentemente vi uma das edições dos Jogos Sem Fronteiras na RTP Memória, e com os meus 30 anos reparo em certas coisas de forma mais acutilante. Algumas já tinha a noção na altura, mas outras descubro hoje. Decidi então expor aqui algumas das coisas que reparei recentemente no programa.
Penso que será giro para quem tem na memória o mesmo, ver se concorda comigo nestes 7 pontos ou não.
Sendo assim, comecemos por um positivo:

1 -  Serei eu o único que sente um arrepio muito ligeiro ao ouvir a música inicial do programa e ao ver o genérico inicial? Ao abrir o programa, para alguns de nós daquele tempo, quase que se viaja um pouco no tempo para o Passado.


2 -  Hoje questiono-me sobre algo. Haveria algum prémio monetário associado à participação no programa em caso de vitória?
No programa que eu vi, as equipes comportavam-se de uma forma mais intensa do que se de uma final de um Mundial de Futebol ou de uma final Olímpica se tratasse!
As equipes que pior se comportavam mostravam grande desilusão e vergonha, andavam cabisbaixos, até apanhei um colega de equipe danado com outra colega por esta ter tido uma prestação menos boa.
Os que ganhavam, regozijavam de grande alegria, enorme orgulho, tremenda exultação.
Os que ainda não sabiam o seu resultado demonstravam muita ansiedade e nervosismo.
Ao ver toda esta intensidade fico confuso, tal é na minha cabeça a irrelevância disto tudo, pois afinal não passava de um programa de t.v. básico e sem cariz oficioso de maior.
Talvez não me esteja a explicar bem, mas... que raio! Não é como se aquilo contasse para os anais da história desportiva ou a carreira de algum participante que se destacasse fosse agora começar a ir de vento em popa atingindo um estrelato qualquer...
De facto, só posso presumir que houvesse algum bolo monetário para os mais bem sucedidos desconhecido do público. Se algum de vós participou neste programa, por favor tirem-me esta dúvida. Se houver, posso compreender um pouco mais. Se não houver, é tudo um pouco ridículo...


3 -  Uma das coisas que mais me choca em que só reparo mais nos dias de hoje: Uau, as provas eram estúpidas e básicas como o Diabo....!
A sério, a maioria consistia em joguitos de crianças do mais idiota e elementar possível. Alguns até eram tão básicas como apenas trepar um corda!
Aliás, a maioria das provas envolviam quatro coisas: uma piscina, cordas, corridas ou carregar objectos. Ou uma combinação das quatro! Lá de vez em quando num programa lá vinha uma prova algo diferente e imaginativa, mas a maioria não passava disto. O que eles conseguiam fazer era disfarçar muito bem este facto com os guarda-roupas ou acessórios do tema geral do programa, mas hoje é notório demais para mim.
Por exemplo, num programa em que o tema era o Cinema, um dos concorrentes, que estava vendado, carregava objectos como rolos de filme gigantes de um lado para o outro, seguindo as indicações de outro colega, ao estilo da Cabra Cega. Noutro programa em que o tema era Gastronomia, um concorrente, que estava vendado, carregava objectos que representavam frutas gigantes de um lado para o outro, seguindo as indicações de outro colega, ao estilo da Cabra Cega.
.....Repetition much?....


4 -  Todos nós que vimos o programa, lembramo-nos do apresentador homosexual favorito da RTP nos anos 80, Eládio Clímaco (por falar nisso, que raio de nome é Eládio?! E Clímaco?!).
Mas eu não me lembro do nome, ou sequer rosto, das co-apresentadoras portuguesas! Nem uma que seja!!! Vocês lembram-se de alguma?!
Ao ver a co-apresentadora no programa que vi recentemente, juro que até fiquei confuso por não me lembrar que eram dois apresentadores e não só um! E a que eu vi, era do mais desinteressante e desconhecido possível e não me despertou nenhum tipo de lembrança ou memória recôndita, daí a minha ignorância neste campo, talvez.


5 -  Por falar em Eládio Clímaco, uma das coisas que nunca esqueci era a maneira como este pronunciava a palavra suspense. Fazia-o com a entoação francesa da palavra por razão absolutamente nenhuma, parecendo assim o mais snob possível. Era desconcertante ouvir "E Póvoa do Varzim fez uma excelente prova, senhoras e senhores, agora aguardamos a classificação geral. Este é um momento de grande "Síu-sspaan-ce", vamos ver em que lugar..."
Agora, o que eu reparo hoje em dia é a frequência com que ele o dizia! Juro, era por tudo e por nada, mesmo quando não havia "Síu-sspaan-ce" nenhum!! E, de todas as vezes, a vontade de lhe dar um murro quando a diz é maior. Aliás, vejam a foto dele em baixo: quem resiste a não querer dar um murro neste snob wannabe?!
Se fosse uma expressão como "faux pas", ou "déjà-vu", tudo bem. Mas, suspence?!? Give me a break...



6 -  A Tunísia tinha as piores equipas de sempre...


7 - Seria possível este programa existir hoje de novo?
Num tempo em que há televisões rivais em cada país e não apenas um canal de televisão, num tempo em que temos uma Europa desunida, num tempo em que a internet nos dá mais entretenimento do que a t.v., poderia existir de novo um Jogos Sem Fronteiras com a mesma dimensão?...
Duvido seriamente. E se aparecesse provavelmente era pela TVI apresentado pelo Manuel Luís Goucha ou a Teresa Guilherme e rodeado de 10 em 10 minutos de uma tonelada de números de telefone começados por 707 para as pessoas "ganharem dinheiro". Ou então pela SIC apresentado pelo João Manzarra, alguém que considero do menos talentoso possível e de quem não percebo toda a atenção e protagonismo que é dada. De facto, o felácio que o João Manzarra fez ao Pedro Boucherie Mendes deve ter sido do mais divinal possível, tal foi o push que esse idiota, que só sabe sorrir e falar como uma criança com déficit de atenção, teve.


E é isto!
Quem for deste tempo, comente e vejamos se concordam com a visão que tenho de hoje deste programa em vez da visão turva que a Nostalgia nos dá.
Quem não for, comente na mesma.

Deixo-vos com dois vídeos:
A introdução dos "Jogos sem Fronteiras" e três tipos talentosos a gozar com o Eládio Clímaco no primeiro episódio do Duplo D Cast.
See ya!






7 comentários:

  1. Olá! O meu primo participou num dos jogos sem fronteiras e não havia prémio monetário nenhum, só maus perdedores...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá! Então mais ridículo é mesmo toda a intensidade daquele pessoal. Quantos deles que participaram e hoje em dia ao verem aquilo não devem se sentir algo idiotas com os choros de alegria que davam.

      Eliminar
    2. Já pensaste que se calhar ridículo é ver jogadores profissionais a representar a selecção e nem sequer empenham um décimo daquilo que as pessoas que participavam nestes jogos empenhavam ?

      Eliminar
  2. Qual o teu problema contra o senhor do siuspence, e sobre a sua maneira de ser?
    Dedica-te à pesca, ou por outras palavras, à politica

    ResponderEliminar
  3. olá. em relação às apresentadoras, eu lembro-me que a 1ª era a Ana do Carmo e a 2ªera Cristina Esteves. se houve mais alguma para além destas, não me recordo. mas este era dos meus programas preferidos quando eu era pequena.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Boas, Ana. Yep, eu lembro que havia alguma presença feminina a apresentar também tirando o Eládio, mas realmente impressionou-me que a memória de quem seria era zero.
      Era algo na altura engraçado de se ver, sem dúvida.

      Eliminar
  4. Oh man tas td fdd!!! mete mais tabaco nisso..... tas a entrar em depressão!!!

    ResponderEliminar